Feliz da vida Ireneu, olhava e “re-olhava” a nota de cem, aquele lindo peixe com cheiro de dinheiro novo. Ele sempre agiu com equidade, jamais quis mais do que lhe competia, mas estava deveras feliz. Se pôs então a pensar o quão afortunada, ou idiota, era a moça que lhe presenteou com tal quantia. Embora fosse perceptível que era condescendente a atitude dela, era estranho, quase suspeito. Ninguém paga uma corrida de 12 reais com uma nota de cem e deixa o troco para o Motorista. Encucado e meio perplexo Ireneu estava adorando a situação.
Enquanto explicava sua Glória para Glória (não é redundância), sua companheira de mais de trinta anos, o taxista pensava e ia lembrando os curtos minutos que passaram antes que a moça saísse de seu taxi deixando seu dia um tanto mais abastado. Contou a esposa que ela disfarçava soluços de choro contido enquanto lhe deu bom dia, esbanjava simpatia ao explicar pra onde ia, muito embora parecesse completamente perdida.
De fala mansa e pausada, ele que costumeiramente se vangloriava por ser laico, dava a benção aos filhos, enquanto os presenteava com os “sorvete seco” que eles adoravam. Ireneu começava a ficar aflito com o que havia acontecido pela manhã, não há razão aceitável para aquela pomposa gorjeta. Estava preocupado, ele tinha certeza que aquela mulher tinha problemas e sentia-se obrigado a ajudá-la , coisa que nunca havia passado pela cabeça do taxista mais antigo da região, nada mais importava que seu bem estar até então, ele sabia, todos que o conheciam sabiam disso.
Ireneu, enquanto ouvia Glória ao telefone com seu primogênito João, ia tendo cada vez mais certeza que não dormiria essa noite. Ele precisa falar com ela. Ele sabia onde a encontrar.
Bojack Horseman e o fim de uma era da Netflix
Há 11 meses
Dessa parte eu gostei :D
ResponderExcluir