Vinícius Schneider

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Retorno de Josiel. Cap VIII

Já eram quase duas da manhã, Josiel permanecia escorado no balcão com sua cerveja, e nada o atraía mais no momento. Estava bem, confortável e confortado pela cerveja bem gelada. Até que surge uma morena magnífica, não de parar o trânsito, mas de causar um engarrafamento histórico em qualquer cidade. Uma mulher que seria impossível passar despercebida em qualquer lugar que fosse. Fernanda, ele jamais esqueceria a rechonchudinha colega do colegial, a preferida para os fins de festa de toda sua juventude escolar. Aquela que ninguém queria, mas ninguém ousava descartar. A duvida de momento era como ela se transformara aanaquele monumento que desfilava em sua direção.
-Oi Jô, lembra de mim? Disse ela. Com a voz mais doce que o favo do mel, e mais firme que a de um gladiador frente a um camponês cegueta e manco.
Dando-lhe as costas Josiel num tom despretensioso, quase melancólico dispara – E há como esquecer o que eu mais desejei durante a maior parte da minha vida? Foram três passos pra longe do balcão até que Fernanda pegasse sua mão e o olhasse derretendo-se feito manteiga no fogo. Josiel teve certeza, o bom Josiel estava de volta, resposta rápida, raciocínio meteórico e conhecimento de causa pra não ter como errar o bote. Era questão de tempo e ela estaria envolta em seus braços. Mas calma lá Josiel, o tempo passou e ela mudou, gorduras estão exclusas do vocabulário sinuoso de seu corpo e auto-estima está escrita em cada página do mesmo. Mas nada disso importava, Helena havia desaparecido dos pensamentos dele sem nem se quer ele perceber.
Enquanto ela falava de suas aventuras no Canadá durante seu pós graduado, Josiel ia lembrando-a de o quanto ela sempre saiu bem nas notas, de o quanto era bem vista pelos professores e colegas, trabalhos em grupo eram uma briga pela companhia dela, o fato da linda casa cheia de quitutes, a piscina e o tobogã que haviam na casa dela, ele preferiu não citar.
-Achei que nunca mais ia te ver, ali muitos sonhos se perderam. Família, viagens, os filhos que eu sempre sonhei tanto foram sumindo aos poucos junto com as possibilidades de te re encontrar. Disse ele enquanto ela arrepiava todos os pelos do braço e suspirava quase em silêncio. Ele sabia, a fatura estava liquidada.
Depois de algumas cervejas e as duas caipiras de morango que a moça bebericou, Josiel não se conteve e perguntou como a moça se transformara naquele exemplo de beleza e simetria. –Equitação Jô, o aras de meu Pai foi generoso comigo. Respondeu com um sorriso debochado a recém formada veterinária. Completou indagando – Tu moras longe Josiel? Gostaria de te mostrar o que aprendi nesses anos de equitação. Josiel torceu pra que ela não tivesse um chicote, pagou a conta e encaminhou-se para a saída de braços com Fernanda.