Vinícius Schneider

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Amigo imaginário

Todo dia nasce alguém, morre alguém, outro se casa(há quem diga que é a mesma coisa), uns se apaixonam e provavelmente a maioria se decepciona. Mas Agostiano queria ser diferente, Jeff disse que ele podia.
Aos dois de Agosto de oitenta e quatro nasceu Agostiano Azaredo, nada azarado, nada azedo. Atrasado em pelo menos dois dias, era pra nascer em Julho e se chamar Juliano. Desde de sua primeira lembrança, teve sempre a companhia de Jeff, amigo fiel, que sempre tinha a palavra certa nas horas difíceis, paciente, encorajador, um exemplo de vida ou de como viver.
Aos vinte oito anos, recém saído de casa, Agostiano foi tentar a vida na capital e resolveu que deixar Jeff pra trás, mas ele foi junto, em muitos momentos ele estava lá, na hora que Agostiano precisava, no lugar que ele precisasse. Mas era hora de crescer arrumar casório, fazer família.
Conheceu Rosa, a habilidade que faltava na cozinha sobrava no quarto. Ela queria ficar com Roberto, filho de empresário, vida pronta, vida fácil, mas ele queria Antônia, que queria Rosa ou Alfredo, e esse não queria nada com nada.
O rapaz desiludido com Rosa, discutiu com Jeff, que o mandou insistir. A discussão chamou atenção de Alfredo que não entendeu nada, Alfredo contou para Rosa que não se interessou mas comentou com Antônia por falta de assunto, que reclamou pra Roberto que já a chateava há um certo tempo com conversas ainda piores.
Agostiano resolveu voltar, Jeff era parte dele e junto foi. Rosa voltou a trabalhar a noite e Antônia ficou com Alfredo que não tinha nada com a história. Roberto foi pra terra dos pés juntos, caiu no esquecimento.
E assim foi, por que todo dia nasce alguém, morre alguém, outro se casa(há quem diga que é a mesma coisa), uns se apaixonam e provavelmente a maioria se decepciona. E então surge alguém querendo ser diferente.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Um, dois, três? Quatro.

Marcos Roberto Antônio de Sá. Filho de mãe solteira tinha três nomes e um pequeno sobrenome. Sá é da mãe, sobrenome curto pedia nome grande, de preferência composto. E na ideia da mãe cabia uma homenagem ao Pai, que ela não tinha certeza se era Marcos, vizinho da frente, Roberto o primo de segundo grau, ou Antônio o taxista. Mas isso não vem ao caso, não agora.
Fidetreis, apelido carinhoso, ou nem tanto, que ataviou toda sua infância foi dado por seu avô, Constâncio de Sá, que foi sempre relutante em dar seu sobrenome a criança sem pai.
Somente aos quatro anos foi para creche, precisava socializar. Na primeira não parava de chorar, então mudou, na segunda não queria comer, nova mudança, na terceira adoeceu. Acostumou-se na quarta creche, cresceu bem, ficou sabido. Na escola teve dificuldade até a terceira série, na quarta foi muito bem, e então deslanchou.
Aos 14 anos já teve a primeira namoradinha, menina bonita, bonita demais pra ele, e ela logo percebeu e o deixou. Aos 18, já entrando na faculdade de direito, voltou a namorar. Ela fazia Artes, era esperta e cheia de ideias e vontades, lembrava muito o João, primo do fidetreis. Hoje nem se falam mais, mas o Sr Constâncio, adora lembrar o neto Fidetreis como João roubou sua namorada.
Aos 22 anos, iniciando o segundo ano da Faculdade de Comércio Exterior, estava encantado com o novo curso e com a nova namorada, Sofia. Inocente, fidetreis, se impressionou ao saber que ela era ninfomaníaca, se assustou ao ver o quanto ele seria solicitado, e se entristeceu ao descobrir que a tempos já não a satisfazia sozinho.
Foi então, com 26 anos, já cursando Contábeis, por que pode aproveitar alguns créditos do curso de Comércio exterior que ele não acabara, que conheceu Leticia, menina meiga de poucas palavras e grande coração. Embora tímida e bastante reservada sabia o que queria, e podia ver muito além do que estava a frente de seus olhos.
Namoram quatro anos, noivos, casaram logo depois. Ele se formou em História, a quarta tentativa, já lecionava, tinha quatro filhos, morava na quarta avenida da cidade, quadra quatro, numero cento e três ("sem o três?"). Vive feliz com sua família e seus quatro cães, curtindo os quatro prêmios da sena que havia ganho.
No fim das contas, a unica certeza de toda a vida de Fidetreis, é que provavelmente seu Pai não era Marcos, não era Roberto e tão pouco Antônio. E isso faria muito sentido.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O produto sou eu - Cap X

Marketing, era o que Josiel fazia de melhor, adorava seu trabalho. Mais que isso, era quase insuperável o seu prazer em vender imagem, principalmente a própria, para as diversas estagiárias que rodavam de quando em quando em uma das maiores empresas de publicidade que era seu ganha pão, e claro, carne.
Ausente a tempos da boemia, Josiel andava sossegado. Queria algo novo, um desafio. Precisava descobrir o que lhe era novo pra assim saciar essa fome de "algo novo" que lhe envolvia.
Em um momento de pouca inspiração, e vontade de trabalhar, Josiel jogou discretamente seu olhar pela empresa procurando algo que o desafiasse. A loira alta dos olhos verdes, a morena de ancas largas e cabelo espesso, a espalhafatosa estagiária de vendas, a introspectiva estagiária de design gráfico. Nada muito atrativo.
Hellen, recém efetivada na empresa sempre deixou Josiel pensativo. Devia ter 1,70m, talvez 1,75, olhos negros um pouco puxados, cabelos grossos e pretos, um perfume suave e duradouro, ficava no ar por um longo tempo nos lugares por ela passava, boca pequena, lábios rosados sempre sem batom, maquiagem bem de leve, sempre de saia e regata com desavantajado decote. Seios bem meio termo, ás vezes pareciam faros, as vezes pareciam faltar. Bunda redonda e empinada, mas longe da aparência das "siliconadas". Ela passava desapercebida a maioria das vezes. Certamente nunca estaria numa capa de revista, mas certamente estaria nas primeiras opções de qualquer homem na noite.
Josiel tinha um alvo, tinha um motivo.
- Hellen, posso solicitar tua atenção no fim da tarde? Indagou Josiel
- E estou no meu trabalho, com licença. Respondeu ela.
Josiel sorriu, assentido. - Desculpa, acho que não me expressei bem. Tu tens algo programado pra o fim da tarde? Preciso de uma planilha atualizada das datas de entrega dos projetos pendentes. Queria ver se tu pode fazer pra mim.
Sem jeito, com o rosto levemente rosado, desviou o olhar e lhe deu um breve sim. - Até o fim da tarde te envio por email.
- Obrigado. Agradeceu - Depois podemos ir jantar se tu não tiver programado nada.
E saiu antes que ela pudesse pensar em alguma resposta.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Voltando a ativa. Cap IX

Josiel ia recuperando o fôlego enquanto se deliciava com a visão de Fernanda completamente nua deixando seus dedos deslizarem bem devagar pelo seu corpo, um misto de cócegas e excitação lhe ocorria a cada mudança de direção. Ele não conseguiu deixar de compará-la com Helena. Ela jovem, cheia de energia e sem pudor algum, era deveras mais atraente que ela, mas havia algo que não o deixava parar de desejar Helena ali nua, com ele.
Mas da mesma forma que Helena desapareceu da vista de Josiel, ela ia sumindo dos seus pensamentos agora, à medida que Fernanda ia beijando seu peito, barriga deixando seus lábios carnudos umedecer pedaço a pedaço do abdômen dele, e beijando devagar cada parte do corpo dele.
Pela manhã, com o sol entrando pela janela do quarto, completamente as claras era ainda mais impressionante o diamante lapidado por Zeus que Josiel via em sua cama, ele poderia ficar horas admirando aquela beldade enquanto ria em pensamento tentando entender como ele fez pra merecer tanto, e mais, de onde veio capacidade pra ele ter conseguido satisfazer aquele poço de prazer que ele tinha ao alcance das mãos.
O barulho de água corrente e copos batendo intrigou Josiel enquanto ele tomava banho, mas foi maravilhoso ver aquela morena monumental usando a camisa dele (só a camisa) enquanto lavava a louça de dias. – Não precisa fazer isso Fê, eu sempre limpo tudo no domingo. Ela rindo disse, - Até domingo os bichos teriam tomado conta do teu Ap.
- Jô me leva até a porta?
- claro.
- me liga pra combinarmos algo?
- ligo sim, pode deixar.
- Jô
- oi?
- tu não tens meu número.
- ah claro, desculpa.
A maré tinha virado. Ele sabia que a próxima noite seria diferente, o amanhecer seria igual. Com mais um telefone na agenda, daqueles que depois de um tempo tu olha e pensa “quem é essa fulana?”.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Retorno de Josiel. Cap VIII

Já eram quase duas da manhã, Josiel permanecia escorado no balcão com sua cerveja, e nada o atraía mais no momento. Estava bem, confortável e confortado pela cerveja bem gelada. Até que surge uma morena magnífica, não de parar o trânsito, mas de causar um engarrafamento histórico em qualquer cidade. Uma mulher que seria impossível passar despercebida em qualquer lugar que fosse. Fernanda, ele jamais esqueceria a rechonchudinha colega do colegial, a preferida para os fins de festa de toda sua juventude escolar. Aquela que ninguém queria, mas ninguém ousava descartar. A duvida de momento era como ela se transformara aanaquele monumento que desfilava em sua direção.
-Oi Jô, lembra de mim? Disse ela. Com a voz mais doce que o favo do mel, e mais firme que a de um gladiador frente a um camponês cegueta e manco.
Dando-lhe as costas Josiel num tom despretensioso, quase melancólico dispara – E há como esquecer o que eu mais desejei durante a maior parte da minha vida? Foram três passos pra longe do balcão até que Fernanda pegasse sua mão e o olhasse derretendo-se feito manteiga no fogo. Josiel teve certeza, o bom Josiel estava de volta, resposta rápida, raciocínio meteórico e conhecimento de causa pra não ter como errar o bote. Era questão de tempo e ela estaria envolta em seus braços. Mas calma lá Josiel, o tempo passou e ela mudou, gorduras estão exclusas do vocabulário sinuoso de seu corpo e auto-estima está escrita em cada página do mesmo. Mas nada disso importava, Helena havia desaparecido dos pensamentos dele sem nem se quer ele perceber.
Enquanto ela falava de suas aventuras no Canadá durante seu pós graduado, Josiel ia lembrando-a de o quanto ela sempre saiu bem nas notas, de o quanto era bem vista pelos professores e colegas, trabalhos em grupo eram uma briga pela companhia dela, o fato da linda casa cheia de quitutes, a piscina e o tobogã que haviam na casa dela, ele preferiu não citar.
-Achei que nunca mais ia te ver, ali muitos sonhos se perderam. Família, viagens, os filhos que eu sempre sonhei tanto foram sumindo aos poucos junto com as possibilidades de te re encontrar. Disse ele enquanto ela arrepiava todos os pelos do braço e suspirava quase em silêncio. Ele sabia, a fatura estava liquidada.
Depois de algumas cervejas e as duas caipiras de morango que a moça bebericou, Josiel não se conteve e perguntou como a moça se transformara naquele exemplo de beleza e simetria. –Equitação Jô, o aras de meu Pai foi generoso comigo. Respondeu com um sorriso debochado a recém formada veterinária. Completou indagando – Tu moras longe Josiel? Gostaria de te mostrar o que aprendi nesses anos de equitação. Josiel torceu pra que ela não tivesse um chicote, pagou a conta e encaminhou-se para a saída de braços com Fernanda.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E agora João? Cap VII

Perdido entre vídeos no youtube, João ia decidindo seu futuro. Hora uma coisa,hora outra, hora coisa e tal, hora tal e coisa, e continuava no seu mundo, mas com vontade de mudar. Desligou o rádio, aquela música do Skank “simplesmente” era o fim da vida do João, que era visivelmente tomado de capacidade e talento, porém desprovido de vontade, ou força de vontade ao menos, preguiça!
Sem contato a mais de uma semana com sua namorada, que ele planejava conhecer em breve, passou a preocupar-se, ela teria excluído ele do MSN? Doente? Será que morreu? Talvez só não queira mais brincar. Perdeu-se o sinal da internet, e então João perdeu tudo. Resolveu sair pra beber com os amigos. João não tinha amigos então foi sozinho.
João não cansava de tentar entender por que era tão feliz e ainda assim sempre lhe faltava algo. Pensava ele, só pode ser essa babaquisse que toma conta do mundo, a triste moda do ser fútil, as crenças e filosofias que só servem de máscara. João sorriu, ele sabia que é igual a toda essa gente.
Quando deu por si, João já não estava só, havia uma mulher ao seu lado que lhe doou um fraternal e simpático sorriso que dividiu a atenção dele, o retilíneo sorriso e o decote protuberante. Ninguém poderá culpar o pobre João por não retribuir o “olá” da moça, ela realmente era linda, era exatamente o que ele esperava da sua namorada, ou ex, virtual.
Depois de alguns segundos sentindo seus dentes dançarem na boca ele soltou um oi desajeitado respirou fundo sentindo-se incólume, ao menos se ela não resolvesse prosseguir com o diálogo. E foi o que ela fez.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Será amor Josiel? quem diria. Cap VI

Josiel não saía à noite, não mais. Se sentia perturbado, vazio, perdido.
Quem era aquela mulher que destruiu seu jeito simples de viver? Era a mulher perfeita pra ele, uma boa noite de sexo, sem despedida, sem troca de telefone, sem cobranças. Era exatamente como ele gostaria que fosse, se sentia assim o melhor e maior predador, isso inundava o seu ego. Mas dessa vez era diferente.
Josiel resolveu escrever para Helena, mesmo saber quem é ela, mais que isso, por momentos ele chegava a duvidar que ela existe, que esteve com ele.
Quando acordar e não precisar da companhia pra sentir meu cheiro, não precisar me ouvir pra sorrir com o quão lhe divirto, não precisar me sentir pra lembrar de como é bom quando lhe dou carinho, não precisar me ver pra perceber o quanto meu sorriso é contagiante. Quando não precisar pensar e nem pegar minha foto pra ver como e quem eu sou, quando tu pensar que teu maior contentamento é me ver feliz, que mudaria a rota do planeta pra estar ao meu lado, quando tu perceber que nada, em absoluto, te faria afastar-se de mim após nos encontrarmos.
Ai sim, tu vai entender exatamente o que se passa na minha cabeça agora. Eu poderia chamar de amor, sem medo de errar
”.
Josiel, ô Josiel calma lá!
Josiel, sentiu um aperto e os olhos marejarem, enquanto assistia o ocaso pela janela do seu apartamento, pensava então se era aquele o pôr-do-sol mais lindo que já havia visto ou se ele é que via com outros olhos. E pra acabar o dia ainda mais estranho, Josiel, de uma forma que não lembrava antes, sentia falta de ter um Pai, precisava de um conselho, um abraço, um apoio.