Vinícius Schneider

domingo, 2 de maio de 2010

João Simplório da Silva

João entra no banco, bem cedo. A Fila é grande.
Observa atentamente algumas pessoas furando a fila, outras tirando caca do nariz disfarçadamente com se ninguém pudesse as ver, vê crianças correndo, tão rápido quanto as melecas que fogem aos seus narizes. Adolescentes com suas pastas esturricadas de duplicadas pra pagar, os “Office-boy”, famosos torturadores das filas. Algumas meninas, moças, mulheres bonitas outras nem tanto, outras nem um pouco. As senhorinhas ansiosas pelo seu benefício, a aposentadoria propriamente dita.
Depois de mais de meia hora de espera, João senta-se na frente do gerente.
João diz – Bom dia, meu nome é João Simplório da Silva.
Bom dia Senhor Simplório, pode me chamar de Menezes. Em que lhe posso ser útil? Disse o Gerente.
João – Sr Menezes, sou uma pessoa simples, levo uma vida simples, tenho uma casa simples, possuo também um carro, simples, mas bem cuidado. Procuro sempre agir com simplicidade, afinal sou simples até mesmo de Batismo, como o senhor deve ter reparado. Ma cansei-me disso. Quero mudar por completo. Cansei dessa minha monótona e simples vidinha.
Menezes, um tanto desconfortável adverte – Sr Simplório, como bem sabes, sou gerente do banco não psicólogo. Esse é meu trabalho, e ele exige resultados. Se eu não puder ajudá-lo e ainda ficar ouvindo sobre sua vida, não trarei resultados ao Banco, prejudicando meu trabalho, então torno a perguntar-lhe, em que posso lhe ser útil?
João, triste responde – Pensei que o senhor, que me parece tão impar perante o restante dos mortais, pudesse me dizer. Eu preciso mudar de vida Senhor Menezes.
Que tal um empréstimo? Indaga Menezes um tanto comovido.
João empolgado logo o interroga – E como faço pra fazer um? Menezes, com um belo sorriso o conforta. È muito simples Sr Simplório, é muito simples.
João baixa os olhos, levanta se despedindo enquanto explica. – Obrigado Senhor Menezes, certamente não é isso que preciso.
Essa história não é sobre João.

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